terça-feira, 2 de abril de 2013

um Blog? Por quê?



Este primeiro update, é sobre livros, motivo real da minha dedicação a este espaço é mostly para falar de livros. Evidentemente outros assuntos irão vir á baila, á começar pelas minhas paixões, Arte, Musica, Film noir, Cult Movie, Dublin ( onde moro), vintage fashion, design e tantas outras coisas que fazem parte da pessoa que me tornei, a citar ainda e mais importante; religião, filosofia e história.

Penso que posso me definir nessas três categorias com; tomista, no primeiro, Karl popperiana (falsificacionismo) no segundo; não-marxista no terceiro. ( rejeito a visão materialista da história) Creio que a formação da personalidade nunca é definitiva, persiste os impetos complexos, os caminhos inexplorados e não, não me desculpo por não ser impecável.

 A foto acima é bem representativa do que está acontecendo sempre em minha mente, tudo ao mesmo tempo. (o que é na verdade uma grande falta de virtude, cada coisa, em seu tempo, não me orgulho disso) mas não posso evitar...

O que não posso evitar mesmo e peço perdão desde já é que sou um produto Post Modernitatem, e isso inclui todas as complexidades da mentalidade atual.

Ok. agora vamos a isso, Um dos primeiros livros que consegui terminar depois dessa struggle pela organização, e também claro, devido ao livro conseguir me prender, me cativar ( dificil atualmente encontrá-los!) foi este livro sobre  um período na história soviética ( ainda falarei muito disso, sempre fui interessada no assunto) mais precisamente do período stalinista, mais precisamente sobre o fim do mesmo; "The Victims Return: Survivors of the Gulag After Stalin" escrito pelo professor de estudos russos e história na universidade de Nova York, Stephen F. Cohen

http://www.goodreads.com/book/show/8328937-the-victims-return

neste link é possivel encontrar uma resenha (inglês) sobre esse livro.Não sendo uma leitura altamente acadêmica, diz muito do seu autor que é jornalista, mas tambem professor de história.

O livro é sobre o retorno, “return” da obscuridade de uma vida de exilio, colônia de trabalho escravo, os chamados “Gulags” criados pelo governo soviético de Stalin para manter prisioneiros politicos. Khrushchov, em 1956, bem verdade expôs os crimes do ex lider no congresso do partido, logo apôs a libertação desses prisioneiros, tal iniciativa ( falar abertamente e pela primeira vez contra Stalin) se deu especialmente com o apoio dos mesmos. Mas quem eram essas vitimas? Interessante pergunta. Pois o livro todo é mais sobre a importância desse return, dessa reabilitação.

Eram as vitimas, figuras proeminentes do próprio partido comunista, artistas e sobretudo intelectuais, a não-libertação de tais figuras podia ter custado ao mundo ocidental informações indispensáveis, depoimentos de peso como os de um Solzhenitsyn e o seu consagrado Arquipelago Gulag. Só para citar um dos mais conhecidos.

A libertação das vitimas foi uma das primeiras medidas, de Khrushchov na tentativa de demolição da figura de Stalin. Logo depois em 1961 ele abertamente apoiou a remoção dos restos mortais de Stalin do mausoleum de Lenin na praça vermelha. Outra medida que chama a atenção foi a autorização que deu para a publicação de biografias, literatura e poemas das vitimas. Retratando os anos de exilio, os sofrimentos, as misérias dos anos de encerramento.

By the 1960s, returnees were contributing to de-stalinization in another important way. Controversy over the past often inflames politics, but rarely so intensely as in the soviet 1950s and 1960s, when the stalin era was still “living history” for most soviet adults. Their understanding of it had been shaped by decades of personal sacrifice and falsified official history maintened by censorship and repression.” pag 94- "The Victims Return: Survivors of the Gulag After Stalin" Stephen F. Cohen.

Sobreviventes, mas ainda assim altamente intelectuais e envolvidos com o partido, essas figuras não excusavam de considerar-se ainda membros do partido comunista. “ in the 1950s and 1960s, most of the returnees who spoke out were still pro-soviet, blaming mainly Stalin for their misfourtunes...” pag 95 "The Victims Return: Survivors of the Gulag After Stalin" Stephen F. Cohen.

Como as vitimas do Holocausto nazista, as vítimas de Stalin manteram diários, escreveram biográfias sobre os anos de opressão, mas diferentemente dos primeiros ainda consideravam-se bolcheviques no final. Fato interessante.

Interessante pois a sociedade de então, embotada de socialismo, impregnada e totalmente descaracterizada, só podia reagir contra o partido, estando dentro do partido. Era o partido que pagava as pensões, autorizava as publicações de livros, mesmo depois de ter sido permitido aos russos o exilio desta vez voluntário, muitos recusaram, os que aceitaram, e foram especialmente para os USA ainda se consideravam comunistas. Como mostra Hitchcock em seu Topaz, filme de 1969, muitos se esquivam em cooperar com o governo americano pois ainda julgavam estar traindo o partido, traindo o povo russo, fazendo uma outra conecção, com o filme Topaz de Hitchcock, as vitimas que Stephen Cohen nos apresenta são em sua maioria judeus.

 Haveria ainda mais uma tentativa de reabilitação a figura do lider soviético com Brejnev. No final de 1960 o termo anti stalin, era equivalente a anti estado, anti partido, inimigo do povo.

In 1970, the Brejnev leadreship placed a falttering marble bust of Stalin on his gravesite immediately behind the Lenin Mausoleum, where his body had once been on view. Readily accessible, it was regularly adorned with flowers...” pag. 129 The Victims Return: Survivors of the Gulag After Stalin" Stephen F. Cohen.

Continua Cohen no mesmo capitulo “ Governments do not erect monuments, even small ones, to people they consider to be a criminal.”

Nota-se que mesmo com toda a exposição das vitimas, em 60, pro-stalinistas aguardaram ainda a tentativa de reabilitação do nome de seu lider, um bom tempo, uma década, o mundo atual, (era da internet) figuras públicas envolvidos em escândalos e corrupção conseguem se reinventar em menos tempo e já se encontram restabelecidas em poder e influência.
Todavia Gorbachov teria o trabalho de novamente reprimir toda a tentativa de trazer o culto de Stalin de volta. Foi com seus anos de governo que todas as tentativas seriam enterradas, novas publicações vieram ao publico e “ ... In 1987 was Gorbachov able to publicly embrace and radicalize Khruschev´s long banned anti stalinist and stalin personally responsable for real crimes. He did so unconditionally. “ we cannot and should not ever forgive or justify what happened” In november , in a television speech to the nation, Gorbachov personally rehabilitated the names os both, Bukharin and Khruschev.” pag.143 The Victims Return: Survivors of the Gulag After Stalin" Stephen F. Cohen.
Enfim, trata-se de um livro excelente pra quem aprecia as mudanças, as contrôversias, as contrariedades dos caminhos que percorre a história, ( coisa de estudante de história) como o jogo politico está sempre se repetindo e se reeinventando. A complexidade da história da Russia, vale sempre uma leitura mais aprofundada, mais especifica, essas leituras gerais recomendadas pelas universidades sempre me deixaram uma Gap intranspônivel entre “porquês” persitentes.

Um dos melhores livros escritos por um autor russo, que julgo talvez o mais complexo e completo sobre o socialismo russo, e seu carater é o romance de Dostoíevsky “ Os Demônios”. Logo no começo, na introdução, ele faz uma comparação intrigante entre o episódio do possesso no evangelho, cujos demônios, a legião que o atormentava é expulsa por Cristo que os ordena possuir um porco. Dostoievsky compara a Russia com o possesso. É arrepiante e profético a leitura do evangelho citado nesse sentido;

"Naquele tempo, Jesus e os seus discípulos chegaram à outra margem do mar, à região dos gerasenos.
Logo que Jesus desceu do barco, veio ao seu encontro, saído dos túmulos, um homem possesso de um espírito maligno.
Tinha nos túmulos a sua morada, e ninguém conseguia prendê-lo, nem mesmo com uma corrente,
pois já fora preso muitas vezes com grilhões e correntes, e despedaçara os grilhões e quebrara as correntes; ninguém era capaz de o dominar.
Andava sempre, dia e noite, entre os túmulos e pelos montes, a gritar e a ferir-se com pedras.
Avistando Jesus ao longe, correu, prostrou-se diante dele
e disse em alta voz: «Que tens a ver comigo, ó Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Conjuro-te, por Deus, que não me atormentes!»
Efectivamente, Jesus dizia: «Sai desse homem, espírito maligno.»
Em seguida, perguntou-lhe: «Qual é o teu nome?» Respondeu: «O meu nome é Legião, porque somos muitos.»
E suplicava-lhe insistentemente que não o expulsasse daquela região.
Ora, ali próximo do monte, andava a pastar uma grande vara de porcos.
E os espíritos malignos suplicaram a Jesus: «Manda-nos para os porcos, para entrarmos neles.»
Jesus consentiu. Então, os espíritos malignos saíram do homem e entraram nos porcos, e a vara, cerca de uns dois mil, precipitou-se do alto no mar e ali se afogou.
Os guardas dos porcos fugiram e levaram a notícia à cidade e aos campos. As pessoas foram ver o que se passara.
Ao chegarem junto de Jesus, viram o possesso sentado, vestido e em perfeito juízo, ele que estivera possuído de uma legião; e ficaram cheias de temor.
As testemunhas do acontecimento narraram-lhes o que tinha sucedido ao possesso e o que se passara com os porcos.
Então, pediram a Jesus que se retirasse do seu território.
Jesus voltou para o barco e o homem que fora possesso suplicou-lhe que o deixasse andar com Ele.
Não lho permitiu. Disse-lhe antes: «Vai para tua casa, para junto dos teus, e conta-lhes tudo o que o Senhor fez por ti e como teve misericórdia de ti.»
Ele retirou-se, começou a apregoar na Decápole o que Jesus fizera por ele, e todos se maravilhavam.
(Evangelho segundo S. Marcos 5,1-20.)
Intrigante essa comparação de Dostoievsky, no final, o autor russo se perguntava, quem haveria de expulsar os demonios que afligem a Russia?

http://www.digestivocultural.com/colunistas/coluna.asp?codigo=1525&titulo=A_profecia_de_Os_Demonios

eis aqui uma acurada critica deste romance no Digestivo Cultural para quem não conhece.

Me despeço por enquanto, esperando ter contribuído com esta humilde review. Essa critica.

O que estarei fazendo num futuro bem próximo, critica de livros maioria em inglês que me caem as mãos. Por que amo ler, e dedici fazer este exercício para melhor estudar e também me distrair.

Ps: como já estou longe do Brazil por dois anos, vale lembrar que não conheço as novas regras gramáticais da reforma ortografica da lingua portuguesa. Desculpem qualquer erro nesse sentido. E claro nos outros sentidos também!

2 comentários:

  1. Isso vai ser um sucesso!!! Parabéns amiga

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  2. Prezada amiga, vivam Cristo e Maria!!!

    Já incluímos o link de seu blogue no nosso.

    Saudades de vocês duas.

    Alexandre

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