quarta-feira, 10 de abril de 2013

fui ver o Book of Kells e achei minhas penas!


Agora que já consegui o meu nib set, o que me falta é tempo e organização. Tempo. Faz tempo que queria achar esse conjunto de penas, o nib set que aqui em Dublin, é impossível encontrar. Aproveitei o feriado de páscoa para ir ver o famoso Book of Kells, ou livro de Kells, que é exibido na biblioteca da mais importante universidade da Irlanda, a Trinity College.

Não era um dia particularmente agradadável, em questões de tempo (meteorologicamente falando) mas isso foi um plus pois de outro modo, o lugar estaria ruidoso, e pouco teria sido possivel o veslumbre geral, haveria italianos de casaquinho puff por metro quadrado, tão cheio de turistas estaria lá. traduzindo direto do livrinho que eles fornecem na entrada:

“ A biblioteca tem um estoque de quase três milhoes de volumes, todos localizados num total de oito prédios, a velha biblioteca, foi construida entre 1712 e 1732...” é esta velha parte que mais interessa aos turistas pois é lá que está o manuscrito. O Book of Kells.


“ Três areas da velha biblioteca, estão abertas a visitação pública; o andar térreo era originalmente uma colonnade aberta dividida longitudinalmente por uma parede central com a ensolarda parte sul reservada para os estudantes. Em1892, as arcadas foram preenchidas em forma de prateleiras. Cem anos depois, em 1992 a área era reconstruda internalmente para abrir espaço para uma loja da biblioteca e um espaço para exibições. Ao mesmo tempo, um tesouro a se exibir de manuscritos sagrados irlandeses, especialmente o livro de Kells, o livro de Armagh e o livro de Durrow, foi contruido um pavilhão oriental, essa area era originalmente uma escola de filosofia.”


não vale a pena entrar aqui em toda a questão da estória da universidade que foi fundada por Elizabeth I em 1592 e sempre foi um reduto da intectualidade protestante, ( pois de outro modo o post se extenderia alem da conta) onde notáveis nomes como Oscar Wilde, Samuel Becket, Jonathan Swift, Bram Stoker entre outros. Mas um nome em particular que muito me admirou saber que estudou nesta universidade, é o nome do padre e autor, sim ele mesmo! Padre Malachi Martin S.J ! autor de Windswept House; a vatican novel. autor muito interessa.

O nome da exibição onde o livro de Kells se encontra, se chama, “Turning darkness to light” ( transformando escuridão em luz) tal nome foi inspirado num poema de um monge irlandes do seculo 9.

...practise every day has made, Pangur perfect in his trade; I get wisdom day and night, turning darkness to light....”

o nome do poema é, Pangur Ban, ( antigo nome gaelico) se trata de um gato, isso mesmo, o monge escreve sobre o seu gato, fazendo um paralelo entre como Pangur, se torna mais eficiente na sua caça aos ratos, enquanto ele, o monge no seu trabalho de escrivão, tentando ambos desenvolver-se melhor no que a vida lhes reservou para ser o seu papel. A lenda conta que esse monge um estudante estava trabalhando no livro de Kells, mas tambem estaria copiando as epistolas de São Paulo em irlandes/gaelico, e nao pode resistir escrevendo o poema num canto ou atrás do manuscrito, sobre seu gato Pangur Ban, o Ban aqui significa branco.

O livro de Kells foi escrito no século nove, pelos monges do condado de Iona, trabalhando o manuscrito uma parte em Iona e outra no condado de Meath, em Kells, para onde se mudaram por volta de 806 D.C. Dai vem o seu nome, o livro de Kells. Mudaram-se porque o monastério foi atacado por vikings. o livro foi mandado para Dublin, em 1653, Cronwell subira ao poder, vandalismo era a palavra de ordem. Depois de 1661, o livro foi parar na Trinity College, universidade protestante onde a maior atração turistica é um livro “católico”.

Assim que se entra na exposição, vê-se varios paneis retratado a história e a importancia não apenas do livro de Kells, mas também dos outros que estão expostos, o livro de Armagh e o livro de Durrow. Perambula-se por alguns minutos por essa sala, onde vários visitantes igualmente perambulantes contribuem para a impressão confusa de toda a cena, ( interessante como haviam turistas alemães aos montes e pela primeira vez nada de brasileiros em uma atração turistica!) então se tem um hall onde se sobe uns degraus e entra-se na dark chamber. Uma sala escura, donde os manuscritos estão expostos no centro da sala, num mesa envidraçada e ilumindada por uma luz fraca, provavelmente uma luz especial para não danificar os manuscritos. E lá esta o livro de Kells, o maior entre todos os outros livros, em largura e formato, a principio se tem a impressão de que a tinta das letras capitulares parece tao vivaz, tão brilhante, o angulo das letras tão perfeito, as linhas tão retas, que é dificil acreditar que não foi feito por um computador, mas sim por monges do século nove.

Mas de fato é melhor checar os detalhes online mesmo, só assim se tem a ideia de quão sublime é este manuscrito; que pelo o que consta está inacabado.

Detalhes nada típicos e humor tambem. Eis aqui os quatro detalhes que mais se destacam;

1. Mariposas e Crisálidas: perto do topo da página encontram-se duas mariposas, ao lado de uma crisálida. Esses são considerados símbolos religiosos pouco convencionais e referem-se ao tema do nascimento e da renovação. A palavra generatio no pé da página significa “o nascimento”.
2. Três anjos: ao lado direito do monograma aparecem três anjos. A dupla que se encontra abaixo posa longitudinalmente, enquanto o terceiro deles segura dois instrumentos usados para afastar insetos da Eucaristia e do Sacerdote.
3. Cabeça de homem: cabeças humanas estilizadas eram geralmente usadas por artesãos celtas para decorar objetos preciosos. Algumas teorias sugerem que a cabeça mostrada na obra é uma referência a Cristo.
4. Gatos e camundongos: dois gatos agarram os rabos de dois roedores que roubam a hóstia. Os felinos também têm as orelhas mordiscadas por um par de camundongos. Os desenhos podem ser alguns dos símbolos da eucaristia espalhados pelo mundo ou apenas um exemplo do bom humor pelo qual a arte insular é conhecida.


neste link é possivel conferir os detalhes online;


http://tcld.wordpress.com/2013/03/15/book-of-kells-now-free-to-view-online/
depois de ver o livro, tem-se acesso a biblioteca, ou melhor a velha biblioteca. Logo na entrada a descrição em grego, bibliotheca, e as estantes se elevam a sua frente como construções de um tempo tão enovoado e empoeirado, mas tudo está lá, encadernações do passsado, volumosas, ordenadas, escurecidas pelo tempo. Visão sublime para o amante de livros. A visão das estantes é o auge, lá tambem se encontra a harpa mais antiga do país, para quem sabe a harpa é o simbolo da Irlanda.

harpa mais antiga da irlanda/ simbolo nacional
busto de Shakeaspeare
old library

Depois deste veslumbre, volta-se para o andar térreo, onde para finalizar com chave de ouro, pode-se comprar vários souvenirs na lojinha da biblioteca, a shop library,onde se pode encontrar lembracinhas do book of kells, como chaveiros, agendas, calendários, mas tambem coisas ligadas á Irlanda e Dublin, e naturalmente da universidade, cadernos, tradicionais cachecois de lã, copos, chocolates com ilutrações de artes, tradicionais biscoitos de butter milk, e para a alegria de quem gosta de artes, muitos livros sobre a escrita insular e sim, tintas para manuscrito, e penas! Penas de todos os tipos, essas que comprei, o nib set, é do tipo metálico, mas há tambem penas artificiais que parecem de ganso, ou seja um final feliz para mim que já tinha desistido de procurar por elas.

as penas



ainda nem testei as penas mas estou feliz com elas! espero poder melhorar o meu trabalho já que a minhas penas estão num estado péssimo. enfim agora não tenho mais desculpas para não começar.
 eu! na library!
fiquei imaginando o Bram stoker, ou o Oscar Wilde sentados nesses bancos! mas acho que no tempo deles a disposição da biblioteca devia ser diferente.

 ilustração para conto de Edgar Allan Poe

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