sábado, 29 de junho de 2013

love for the blue


Azuis

O tom de azul que mais gosto é o chamado Azul da Prússia. A estória dessa coloração é muito interessante. Envolve a Sociedade Real de Ciências da Prussia, dois quimicos sendo que um deles era teólogo e alquemista tambem, um segredo que só foi revelado em 1724, varias tentativas de definir a composição do azul e tudo tem palco em Berlim sob o reinado da Prussia. Achei esse artigo de um professor berlinense e resolvi apontar alguns fatos interessantes. http://www.scs.illinois.edu/~mainzv/HIST/bulletin_open_access/v33-2/v33-2%20p61-67.pdf

O azul da prussia foi descoberto por Diesbach e Dippel entre 1704 e 1706. Dippel era quimico/alquemista e teólogo, enquanto que Diesbach era alquemista/ quimico (aquele era o tempo dos alqumistas, todo mundo o era) e trabalhava no laboratório de Dippel. Nenhum dos dois segundo os historiadores, estavam a procura de um novo azul, naquele tempo o azul disponível era o ultramar, mas pelo o que consta os pigmentos de azul disponíveis na época como era o ultramar, exigiam mais custo para produzir e a disponibilidade era mais estrita, por causa da demora da produção.

O azul da Prússia, ou o que eles chamavam tambem de Azul de Berlim, apareceu como alterantiva mais barata, facil de atender a demanda alem de mais ultima novidade em tom de azul.

A descoberta do nova cor ainda é envolta em mistério, mas consta que a primeira menção do novo tom apareceu na primeira publicação da sociedade Real de ciências da Prússia. Com o nome de Caerulum Berlinense.

Conta a história que Dippel, fisico/alchemista e teólogo, estava preparando o que se chama de oleum animale por destilação de sangue animal e potássio carbonato foi adicionado. Um colorista que trabalhava no laboratório de nome Diesbach na tentativa de produzir um vermelho, do qual ele prescisava adicionar potássio, na falta deste resolveu pegar emprestado a quantidade que Dippel estava usando em seu experimento, este potássio estava contamiado por hexacyanoferrate, no que inves de vermelho resultou num azul.

E assim se deu o nascimento de um dos azuis mais nobres de bela complexidade. E que no inico somente a sociedade real de ciencias da Prussia comercializava.
As cartas de Leibniz e um dos membros da sociedade, Frisch dão mais detalhes desta comercialização, interessante que até Leibniz aparece nessa estória, como o mundo era pequeno até então.
 
 
 

Os lucros do comércio da nova cor se deu pela manutenção do segredo da produção. da exclusividade da nova formula que ninguem podia e sabia copiar.
E ficou sendo desde 1706 ate que em 1724 John Woodward, fisico/ naturalista e geólogo publicou o procedimento em uma edição da publicaçao da Royal London Society
que foi imediatamente seguido por trabalhos experiementais de John Brown quimico tambem ingles. Tais experimentos tiveram lugar em Londres vinte anos depois da descoberta de Diesbach e ainda assim não foram conclusivos, outros quimicos tiveram que acrescentar novas descobertas,como o frances Etienne François Geofroy. Com o advento das tecnicas modernas ainda outros quimicos tiveram que dar sua contribuição.
Com a descoberta da preparação da cor, ela logo se espalhou pela europa, era incialmente vendida com nomes diferentes como Azul de Paris, Azul Milori em geral nomes que indicavam a origem da produção..  
 
Watteau, Adrien Van Der Werff e Giovani Canal são frequentemente mencionados como os primeiros pintores a ter usado o Azul da Prussia em pinturas.
 
 Entombment of Crist de van der Werff

quando se pesquisa sobre a estória do Azul da Prussia, ainda se encontra muita controversia sobre datas, personagens, para quem lê em ingles esse link do departamento de restauração dos palacios e jardins da Prussia é bem interessante.
 
 
http://www.ndt.net/article/art2008/papers/029bartoll.pdf

tambem vale a pena pesquisar sobre o imperador da Prússia Frederico II pois os pintores da sua corte tambem estão entre os primeiros a usar a cor.

http://www.abcgallery.com/list/2001nov16.html




 
 
love for the blue always
 

sábado, 1 de junho de 2013

moda masculina parte II- o que "eles" estão usando em Dublin

Voltei. Esta é a segunda  e ultima parte do post sobre moda masculina aqui na capital da Irlanda, e desta vez quero falar um pouco sobre acessórios, calçados e chapeús.
Dublin é um lugar fantástico para se comprar acessórios, qualidade e variedade por aqui são excelentes, tem até mesmo lojas voltadas para públicos de outros países, Africa, Asia, etc... mais ou menos como os restaurantes, todos os estilos, gostos, tendências e culturas, mas em geral, os lads  ( meninos) aqui, sempre tendem para outfits ( roupas, visual) despretensiosos, escolhendo aquele detalhe, seja no sapato, seja no scarff que faz toda a diferença. muitas vezes se tem a impressão que descuidam de uma parte, para valorizar outra, um sapato caro, cuidados com o cabelo, outros conseguem acertar em cheio apresentando um equilibrio de um visual smart, neat, muito original por misturar elementos hodiernos e tradicionais, dando as ruas de Dublin essa moda tão unica, e é sobre esses elegantes rapazes irei comentar.
o conceito de smart por aqui é uma das coisas mais interessantes sobre a moda europeia, smart Segundo o dicionário significa, intelligence, acumen.  algo no visual que dá esse ar de  inteligencia no trajar, a definição serve tanto pra homem  quanto pra mulher e as vezes uma peça pode acrescentar esse tal de smart no seu visual. por aqui se diz - como você parece smart hoje!- no começo é um pouco dificil entender e levamos muito literalmente o elogio ou observação.
eis aqui uma definição pra se ter uma ideia, tenha em mente as palavras grifadas para melhor montar o conceito;

Dress Smart - means dress conservatively.
Actually, business attire is exactly what they want to see - especially for the interview.

For Ladies: a conservative
blouse and knee-length or longer skirt or dress you would be seen in a conservative church and sensible shoes.

For Gentlemen: Khaki trousers, sports jacket, button shirt,
tie and oxfords or loafers. ( sapatos)
essa definição é para quem foi orientado a se vestir Smart para uma entrevista de emprego, todavia as ideias basicas do que é o visual Smart ai estão.




nota-se que o visual smart pode se inclinar para o modern dandy, outro conceito fortissimo na moda masculino, que seria basicamente acrescentar peças coloridas, ultra modernas com peças tradicionais, dando um excêntrico.

 
 


o dress smart, e o modern dandy são os estilos que mais aprecio, por isso não vou falar de outros estilos e o que eles incluem. epecialmente os acessórios.

o que se nota é que apenas um bom relógio de pulso e o ultimo celular com todos os gadgets possiveis, bastam. o importante em se trajar smart, é a certeza de que você tem bom gosto e a sua posição na vida lhe permite fazer escolhas inteligentes e de boa qualidade. óculos escuros e carteiras de couro são item muito desejaveis e exibidos.
Bolsas masculinas tambem compõem o visual, a cruzada no peito é muito popular. Na frança os homens ja estão adotando bolsas mais parecidas com as femininas, igualmente na itália, mas em dublin isso é impensável. Vai contra o bom senso saxão.

moda cada vez mais popular entre os europeus latinos
mas os Dubliners ainda não aderiram e preferem bolsas masculinas tradicionais


jaquets e blazers: outra categoria basica no visual smart, popular alternativa para o frio. Combina-se uma peça mais sofisticada de couro ou tweed, um par de jeans e sapatos informais, e temos um look mais dia a dia, perfeito para a primavera/outono.
jaqueta de tweed com cachecol tartan ( xadrez)

jaqueta navy com calça caqui

 
 
 luvas de couro com tweed e jaqueta de tweed, combinação perfeita. detalhe do lenço vermelho e gravata cinza combinando.




linda jaqueta sofisticada de couro com gravata de trico combinando com cardigan cinza

Com a primavera florescendo, estão começando a se deixar os scarfs, cachecois em casa. Os melhores definitivamente são os de pura lã, ou com diz o label, pure wool, durabilidade garantida.

As cores  dos cachecois variam muito, mas em geral é mesmo o preto, o cinza, o azul escuro e o beige que tem preferência no guarda roupa masculino. O vinho e o verde são usados com cuidado, pois o vinho pode parecer cores de uma escola, o tom vinho é muito usado como uniformes escolares, combinação de vinho e azul fica com cara de estudante, o verde por ser a cor nacional tambem é usado com moderação.

herdado diretamente da ocupação inglesa, os uniformes escolares, são aos olhos de um novato em dublin, uma cena de filme. Os meninos desde cedo sabem dar o nó da gravata, esta porta ou o brasão da instituição, ou as cores. Todos os dias usam calçados formais, pretos, e devem manter tudo organizado, sendo obrigado a usar o scarf (cachecol), com os tons da escola ( razão pela qual costuram ou escrevem os nomes próprios na etiqueta do cachecol, pois todos tem o exatamente o mesmo modelo!) tais meninos, sem o saberem, parecem pequenos cavalheiros, uma cena admiravel é o time de criquete, todos usando blusas listradas e carregando mochilas esportivas. Herança da ocupação inglesa.
lindo cachecol vinho com terno cinza
 
 
tartan ( xadrez)
 
tons escuros, quase nunca usam o tartan, ( xadrez) apesar de tradicional

O brogue, tradicional sapato irlandês, que tem a sua versão inglesa ( conhecido por Oxford) nunca saiu de moda, tendo sido reinventado, modernizado, migrou para o guarda roupa feminino e segue ainda como item fashion muito desejado, mais outra prova de que os irlandeses se orgulham desse carater rural não podendo escapar disso, não desprezando sua herança mas sempre trazendo devolta, modernizando, mas nunca o perdendo definitivamente.
um aspecto da moda masculina que mais encanta, os brogues, ( Brog significa sapato em gaelico) são em geral caros, existem versões populares, mas um original não sai barato e item pra quase toda a vida, sendo a durabilidade do couro e da sola inquestionável. as caracteristicas de um brogue são as perfurações decorativas, bodas visiveis, salto baixo e aspecto rudimentar, campestre.
 
Outro exemplo são as boínas, items que podem ter saído diretamente do guarda roupa do vovô, mas que são combinados com peças atuais, muitas vezes propositalmente atuais em demasiado, (jeans coloridos, tênis) mas entende-se que é uma combinação visando o choque de tendências, um certo equilibrio, uma brincadeira, o não-muito moderno, mas tambem não-muito antigo.
 

 
  quando se quer ter estilo;
um mero detalhe pode fazer muita diferença e mostrar muito estilo
menos é mais; par de luvas de couro e bom relogio bastam para se orgulhar do visual
jaqueta e cardigan, um nasceu pro outro
brogues modernos, se você puder
 bons labels; tenha pelo menos uma peça de uma boa marca
 
 
 pra finalizar, me despeço com um exemplo perfeito de visual smart, o ator britanico Benedict Cumberbatch, o novo Sherlock Holmes, serie da BBC, já que o seu personagem é o mestre da dedução, não tinha como ser diferente.