quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Bram Stoker, Jonathan Rhys Meyer e o cavaleiro espiritual

Estreou aqui na TV europeía, a nova série do Drácula, produzida pelo ator irlandês Jonathan Rhys Meyer,  o mais recente Henrique VI da BBC.
na verdade a série estreou no Hallowen bem a propósito, dia 30 de Outubro, mas uma idéia geral do que a série promete já deu pra se ter uma idéia desde o primeiro capítulo onde eles mostraram um especie de resumão pra deixar o telespectador curioso.
a nova série chamou a atenção, o que o ultimo Henry VI da TV estava tramando? Jonathan Rhys Meyes, consta como produtor da série.
esclareço que não estou analisando os méritos e desmeritos da atuação do ator Irlandês radicado na Inglaterra, este post é uma tentativa na verdade de analisar o mérito literário da série, especialmete a questão principal em Drácula, sua revolta metafísica.

primeiramente estava curiosa pra saber se a série trazia algo de novo e original sobre essa tão famosa Novel do Bram Stocker, sim para quem não sabe Drácula é um romance escrito por um autor irlandês, Bram Stoker. ( natural de Clontarf/ Dublin)
lançado em 1897, Dracula e seu enredo já foi filmado, re-filmado, adaptado, tornando-se um icone cultural do ocidente, perpetuando nomes como o de Bela Lugosi, Christopher Lee e Klaus Kinski nos anais da historia do cinema.
é o que se pode chamar de um capítulo inteiro na iconográfia occidental. E para a desgraça do povo hungaro, sua associação com o vampirismo, tendo até parque temático vampiresco como local mais visitado do país. pois é, se você não ouviu falar de Drácula, você possivelmente estava dormindo por mais de vinte séculos.

A duvida era se esse novo Dracula  trazia algo de novo, e já percebemos no primeiro capitulo é que sim, de fato ele traz algo até então em matéria de "Dracula" é o que se pode chamar de revolucionário!

começamos pelo começo:
Quando Bram Stoker escreveu a sua novela, criou o seu enredo de modo a ser completamente absorvido pelo público de então, europeus do final século dezenove.
Na tentativa de fazer o seu nome como escritor, obviamente não estava apenas orientado nesse sentido, ele tinha lá vamos  presumir o seu orgulho, a sua sede de criação e estilo, suas desventuras como narrador na tentativas de agradar o gosto  do leitor vitoriano.
 Não alcançou o sucesso imediato como se imagina, de fato Dracula the novel foi tornando-se mais apelativa ao passar dos anos, embora sabe-se que Bram Stoker não ganhou dinheiro com a obra que só foi render algum lucro  na ocasião do lançamento do filme Nosferatu em 1922.
Bram Stoker queria ganhar dinheiro tambem, queria agradar, lançando uma novela que fosse ao gosto gotico da moda, queria fazer um nome, chamar atenção como todo o escritor comumente o quer, ele então escreve uma obra prima onde o cerne da questão foi debatido e o é até hoje.
inúmeros criticos literários, psicólogos e cineastas exporam suas teorias sobre a questão principal em Dracula, ou sobre todas as questões apresentadas, mas o personagem, conde Dracula é o cerne da questão, ele e  sua revolta metafisica.

quem não conhece o enredo? o aristocrata conde Dracula chega na Inglaterra, se introduz misteriosamente na sociedade vitoriana, alias não se introduz, (mas causa alvoroço)
conhece  Jonathan Hacker, o jovem que ele contrata como secretário, com o propósito de conquistar a sua noiva Mina, que é  o que ele acredita, a reencarnação de sua amada esposa num passado muito, mas muito distante.
agora vamos a esse passado, o conde era um cavaleiro da ordem do Dragão, uma ordem  comparada com os cruzados e com os mesmos propósitos defender o território cristão dos turcos Otomanos.
o cavaleiro, Dracul serve a ordem como um dos melhores, mais corajosos e brilhantes, ele é um homem justo, digno, pronto para lutar pela fé católica, o que se pode chamar de virtuoso.
quando volta das batalhas o conde descobre o corpo da sua amada esposa na cripta da sua capela, sendo velada, ela suicidou-se. acreditando que o marido tinha morrido nas mãos dos turcos, sendo vitima de uma falsa carta.
 eis então que este homem, tão virtuso, tão viril, se revolta, e a sua revolta é tão sentida, tão profunda, é a revolta de um justo, e a revolta de um justo é pior  do que a de um pecador.
sim, por que se ele fosse um pecador, ele seria capaz de concluir  mais cedo ou mais tarde que sua revolta era descabida, por que quem peca tem que pagar. ou paga-se na terra ou paga-se no inferno. e a morte de sua amada esposa bem podia ser a paga pelos seus pecados nessa terra.

 Se Dracul o conde, o cavaleiro, fosse pecador, ele sentiria o drama do seu pecado, a culpa e quem sabe até se converteria. mas a dor do justo é diferente. o justo ( não o asceta ainda) a principio não entende a contradição, revolta-se porque não encontra motivos para sua desgraça.
 Eis  a prova de fogo de todo o praticante, aceitar as contradições, ser capaz de suportar as dores inexplicáveis, irremediáveis.  O justo se transforma no santo, no asceta quando tem esse encontro e sublima ou vai além dessa dor.
pois com  Dracul foi o contrário.  A queda do excelente é que é a queda. nenhuma queda mais importa, para os anjos e demonios, mas sim a queda do excelente.
 Tal queda é que se torna a desgraça na terra, e isso acontece com o conde.  Ele nega a Deus, se revolta, caí, em consequência é excomungado pela igreja e pela ordem do Dragão, ordem que ele, serviu tanto a Deus, o mesmo Deus, que foi capaz de tirar sua amada dele, ou capaz de permitir que ela se fosse.
 Como pode Deus, ser assim tão frio, tão indiferente se eu, Dracul, lutei tanto para defendê-lo? defendi sua igreja, sua fé e é assim que Deus me paga? este é o cerne da questão em Dracula é ai que ele se transforma em maldito, em amadiçoado, criatura das trevas, foi amaldiçoado por Deus, quem mais pode amaldiçoar senão o próprio Deus?
A grande questão em Dracula é a sua revolta metafisica e as conquências das sua revolta, é uma criatura banida por amor, amaldiçoado por revolta, uma criatura que não pode aceitar a dor da contradição tal que foi transformado num monstro. isso os leitores vitorianos podiam absolver, pois era uma sociedade cristã, se não o fosse, não teria produzido o próprio Bram Stoker! o que nos interessa  precisamente é o que o novo Dracula do século 21 faz com o de Bram Stoker do seculo 19.

Como crituras do século 21 os produtores do novo Dracula não foram capazes de manter e muito menos desenvolver o tema antigo e original de Bram Stoker, porque simplesmente não o compreendem.  O publico muito menos ainda. E isso podemos ver bem no novo enredo que nos é apresentado na série.
  • A ordem do Dragão não mais uma ordem da cavalaria hungara, criada por Sigismundo de Luxemburgo rei da hungria, mas uma ordem mais parecida com uma loja maçonica, onde os membros no passado caçavam queimavam mulheres inocentes acusadas de bruxaria ( incluindo a amada de Dracula) e estão mais interessados em lucros e no controle das finanças mundiais, seus descendentes sao tão maus e loucos por controle como os antepassados e suspeita-se que tambem tenham poderes sobrenaturais, na Londres vitoriana onde Dracula aparece, eles tem o monopolio econômico e politico.
  • O monopólio político e econômico é o que mais interessa Dracula, sendo esta a razão de sua volta dos mortos, vingar-se da ordem e conquistar o mundo das finanças na Inglaterra, seu inimigo não é mais Deus, sua desgraça não é espiritual, mística mas sim financeira e amorosa.
  • Inves de nobre, mistico, fatal, Dracula se apresenta como um financista norte Americano aos londrinos, Mister Grayson.
  • A sua amada Wilhelmina, docê criatura seduzida por um morto vivo,  não se suicidou, causando sua ruptura com Deus e em consequência a de seu marido tambem, mas sim foi morta na fogueira pela ordem do Dragão no passado, onde a ordem operava como caça a bruxas e Dracula  ou melhor Mister Grayson quer vingança da ordem.
  • Mina não é mais a figura da donzela seduzida, mas sim como toda a moça emancipada, não precisa entrar em transe para ser seduzida, não é tão dificil assim cativa-la. acabando com todos os dilemas morais possiveis.
Num século onde o publico só entende disputas economicas, onde tudo é explicada pela eterna luta de classes, cria-se  mentalidade  tal, que já não é possivel  um conflito espiritual ser apresentado. e olha quem nem estamos falando do um conflito excelente, mas sim de uma mera novela do fim do seculo dezenove. obviamente que num livro os conceitos são mais elaborados e uma série não é um livro.
mas a mentalidade hodierna  se compraz com explicações tão simples, tão mitigadas, dualistas,  marxistas,  seria impossível apresentar uma série onde ideía original reflete uma preocupação mais interiorizada, alem do mais que século pobre é este onde eu paro para encontrar riqueza e mérito numa novela de Bram Stoker?
 se isso é possivel, se adaptação da sua obra ficou tão pobre, o que se há de pensar?  claro que uma nova versão de qualquer coisa, sempre apresenta algo novo, mas desta vez foi o que se pode chamar de descomposição completa.
Esperar do público do século vinte  que fique absorto na frente da tv pelo problema do  personagem central que é o que se pode chamar de no minimo espiritual? impossível.

você pode até não ser muito fã de Dracula, mas há de se admitir o valor literário da obra. o cerne da questão negada, inexplorada, ignorada pelos roteiristas, mas o que se esperar? só estou constatando. eis uma constação interessante.
Em materia de Drácula, fico com o filme de Coppola. O filme da minha geração, que pelo menos ainda tinha algo de espiritual, o que acontece com a geração de hoje?


Dracul  o cavaleiro, chora ao ler a carta de suicidio de sua amada, o começo da sua desgraça

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

So Many cul de sacs!

my books, but there are still more!
 
 
This time I could tidy up my books in a nice, orderly way. those ones with page markers are the lot that I´m trying to finish at the moment. I´ve just finished "the Road" by Vassily Grossman, its still among this pile but its done.
 
 
 

I´ve just finished " the Europeans" by Henry James as well, now I´m currently reading    " The "Revolutionary Road" by Richard Yates witch is in the other pile of books here in my tony flat.


queria que minha casa fosse assim!

I´ve got this book by Colin Murray Parkers, the title call my attention; Bereavement, Studies of grief in adult life, its mostly about studies that examined the emotion of widows over twelve years of reaserch, sadness and melancholia its an matter that always interests me a lot,
 this is from the page75. beautiful;

" I think I am beginning to understand my grief feels like suspense. it comes from the frustration of so many impulses  that had become habitual. thought after thought, feeling after feeling, action after action, had H ( his wife) for their object. now their target is gone. I keep on, thought  habit, fitting an arrow to the string; then I remember and I have to lay the bow down. so many roads leads though to H. I set out on one of them. but now there´s an impassable frontier post across it. so many roads once, now so many culs de sacs."


so many culs de sacs!

quarta-feira, 24 de julho de 2013

I have a liking for ravens...

Yes, it´s a bit morbid have a liking for ravens, but I do. I do like then because of the "Melancholie" that they suggest. "la folie"  that they inspire, "l`autonomie", the dark outfit that they display proudly.


certainly the most popular raven of the western world is Poe´s character, if we can call him a character, Nevermore, in The Raven, a classic of the English language.

 `Prophet!' said I, `thing of evil! - prophet still, if bird or devil!
By that Heaven that bends above us - by that God we both adore -
Tell this soul with sorrow laden if, within the distant Aidenn,
It shall clasp a sainted maiden whom the angels named Lenore -
Clasp a rare and radiant maiden, whom the angels named Lenore?'
Quoth the raven, `Nevermore.'

from the poem The Raven by Edgar Allan Poe


 
artistically, raven´s silhouette and its attractive blackness is for those who have a liking for working with shade and nuances like I do, specially shades of dark colours, very inspiring.
This beautiful, intriguing blackness that never stops fomenting, inciting, the mind. the images of dreamland, dark and mysterious contrasts, the undercurrents of solitude and  Nordic gloominess.
could the life of the raven be a life of a  simple clergyman? always in black?  nothing can or should harm the purity of your darkness.
 
in the medieval times, the allegory of the ravens is very interesting; because They are generally considered good luck because of its high intelligence, and they are connected somehow with  cold wisdom.

"as the ravens first pecks out the eye, so the devil first destroy the ability to judge correctly, leaving the mind open to attack. as the raven will not feed the chicks until it recognizes them as its own, so the teacher should not tell his students of the inner mysteries until he recognizes that they are ready to receive them, when they have grown dark with repentance"  



Ravens and archery/ medieval manuscript
 



 

 
medieval bestiary

 
 
 




the new poetical element founded in ravens image, is not  too much connected with the gothic culture of the 20 century  nowdays is all about "la reference" the old symbolism and its consequences is there as well but it can be as well your idea, your view, because art nowadays is all about references and turning into new, a thought, a synonym, an definite idea into a completely new thing like they do in a collage, pieces of symbolism and imagery, getting these pieces, putting them together,mixing the ideas and concepts in a image.

this  raven here can be an image of a bitter disappointment?  

there´s nothing new in art anymore. its seems that everything has been done, invented,  recreated, so what has left ? new concepts and the effort of representation, playing with and connecting the visual to the writing, the writing to the visual, so creativity is in a certain way information, it has become a matter of dealing with the huge amount of  information that we have in this virtual era and connect them.
in my artistic concept the attitude is more in recognizing the variety of ways,
" la conception, information et connection" . raven as a concept itself is much more a literary concept than an visual one, it migrated from the novels and poems.
art is more like about "L`ampleur de sa personnalité"  and sugest the same "ampleur pour les autres" that´s my conception anyway.
illustration for the Raven, by Edgar Allan Poe
 
 
 



 The tower ravens


they cant leave the tower, if so, its the end of the monarchy
 
"If the Tower of London ravens are lost or fly away, the Crown will fall and Britain with it



Art with Ravens

 
 
 
 


Raven mask

 
 
Raven pendant
 
 
 
 
 
Raven bag
 
 
art journal
 
 
 
 
collage
 
IPod case
 
 
Raven Stamp
Raven earrings
 
 
vintage raven pendant
 
 

 cool ravens

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
raven tag
 
 
 
 
 
can a raven fix a heart?
 
 
 
 


sábado, 29 de junho de 2013

love for the blue


Azuis

O tom de azul que mais gosto é o chamado Azul da Prússia. A estória dessa coloração é muito interessante. Envolve a Sociedade Real de Ciências da Prussia, dois quimicos sendo que um deles era teólogo e alquemista tambem, um segredo que só foi revelado em 1724, varias tentativas de definir a composição do azul e tudo tem palco em Berlim sob o reinado da Prussia. Achei esse artigo de um professor berlinense e resolvi apontar alguns fatos interessantes. http://www.scs.illinois.edu/~mainzv/HIST/bulletin_open_access/v33-2/v33-2%20p61-67.pdf

O azul da prussia foi descoberto por Diesbach e Dippel entre 1704 e 1706. Dippel era quimico/alquemista e teólogo, enquanto que Diesbach era alquemista/ quimico (aquele era o tempo dos alqumistas, todo mundo o era) e trabalhava no laboratório de Dippel. Nenhum dos dois segundo os historiadores, estavam a procura de um novo azul, naquele tempo o azul disponível era o ultramar, mas pelo o que consta os pigmentos de azul disponíveis na época como era o ultramar, exigiam mais custo para produzir e a disponibilidade era mais estrita, por causa da demora da produção.

O azul da Prússia, ou o que eles chamavam tambem de Azul de Berlim, apareceu como alterantiva mais barata, facil de atender a demanda alem de mais ultima novidade em tom de azul.

A descoberta do nova cor ainda é envolta em mistério, mas consta que a primeira menção do novo tom apareceu na primeira publicação da sociedade Real de ciências da Prússia. Com o nome de Caerulum Berlinense.

Conta a história que Dippel, fisico/alchemista e teólogo, estava preparando o que se chama de oleum animale por destilação de sangue animal e potássio carbonato foi adicionado. Um colorista que trabalhava no laboratório de nome Diesbach na tentativa de produzir um vermelho, do qual ele prescisava adicionar potássio, na falta deste resolveu pegar emprestado a quantidade que Dippel estava usando em seu experimento, este potássio estava contamiado por hexacyanoferrate, no que inves de vermelho resultou num azul.

E assim se deu o nascimento de um dos azuis mais nobres de bela complexidade. E que no inico somente a sociedade real de ciencias da Prussia comercializava.
As cartas de Leibniz e um dos membros da sociedade, Frisch dão mais detalhes desta comercialização, interessante que até Leibniz aparece nessa estória, como o mundo era pequeno até então.
 
 
 

Os lucros do comércio da nova cor se deu pela manutenção do segredo da produção. da exclusividade da nova formula que ninguem podia e sabia copiar.
E ficou sendo desde 1706 ate que em 1724 John Woodward, fisico/ naturalista e geólogo publicou o procedimento em uma edição da publicaçao da Royal London Society
que foi imediatamente seguido por trabalhos experiementais de John Brown quimico tambem ingles. Tais experimentos tiveram lugar em Londres vinte anos depois da descoberta de Diesbach e ainda assim não foram conclusivos, outros quimicos tiveram que acrescentar novas descobertas,como o frances Etienne François Geofroy. Com o advento das tecnicas modernas ainda outros quimicos tiveram que dar sua contribuição.
Com a descoberta da preparação da cor, ela logo se espalhou pela europa, era incialmente vendida com nomes diferentes como Azul de Paris, Azul Milori em geral nomes que indicavam a origem da produção..  
 
Watteau, Adrien Van Der Werff e Giovani Canal são frequentemente mencionados como os primeiros pintores a ter usado o Azul da Prussia em pinturas.
 
 Entombment of Crist de van der Werff

quando se pesquisa sobre a estória do Azul da Prussia, ainda se encontra muita controversia sobre datas, personagens, para quem lê em ingles esse link do departamento de restauração dos palacios e jardins da Prussia é bem interessante.
 
 
http://www.ndt.net/article/art2008/papers/029bartoll.pdf

tambem vale a pena pesquisar sobre o imperador da Prússia Frederico II pois os pintores da sua corte tambem estão entre os primeiros a usar a cor.

http://www.abcgallery.com/list/2001nov16.html




 
 
love for the blue always
 

sábado, 1 de junho de 2013

moda masculina parte II- o que "eles" estão usando em Dublin

Voltei. Esta é a segunda  e ultima parte do post sobre moda masculina aqui na capital da Irlanda, e desta vez quero falar um pouco sobre acessórios, calçados e chapeús.
Dublin é um lugar fantástico para se comprar acessórios, qualidade e variedade por aqui são excelentes, tem até mesmo lojas voltadas para públicos de outros países, Africa, Asia, etc... mais ou menos como os restaurantes, todos os estilos, gostos, tendências e culturas, mas em geral, os lads  ( meninos) aqui, sempre tendem para outfits ( roupas, visual) despretensiosos, escolhendo aquele detalhe, seja no sapato, seja no scarff que faz toda a diferença. muitas vezes se tem a impressão que descuidam de uma parte, para valorizar outra, um sapato caro, cuidados com o cabelo, outros conseguem acertar em cheio apresentando um equilibrio de um visual smart, neat, muito original por misturar elementos hodiernos e tradicionais, dando as ruas de Dublin essa moda tão unica, e é sobre esses elegantes rapazes irei comentar.
o conceito de smart por aqui é uma das coisas mais interessantes sobre a moda europeia, smart Segundo o dicionário significa, intelligence, acumen.  algo no visual que dá esse ar de  inteligencia no trajar, a definição serve tanto pra homem  quanto pra mulher e as vezes uma peça pode acrescentar esse tal de smart no seu visual. por aqui se diz - como você parece smart hoje!- no começo é um pouco dificil entender e levamos muito literalmente o elogio ou observação.
eis aqui uma definição pra se ter uma ideia, tenha em mente as palavras grifadas para melhor montar o conceito;

Dress Smart - means dress conservatively.
Actually, business attire is exactly what they want to see - especially for the interview.

For Ladies: a conservative
blouse and knee-length or longer skirt or dress you would be seen in a conservative church and sensible shoes.

For Gentlemen: Khaki trousers, sports jacket, button shirt,
tie and oxfords or loafers. ( sapatos)
essa definição é para quem foi orientado a se vestir Smart para uma entrevista de emprego, todavia as ideias basicas do que é o visual Smart ai estão.




nota-se que o visual smart pode se inclinar para o modern dandy, outro conceito fortissimo na moda masculino, que seria basicamente acrescentar peças coloridas, ultra modernas com peças tradicionais, dando um excêntrico.

 
 


o dress smart, e o modern dandy são os estilos que mais aprecio, por isso não vou falar de outros estilos e o que eles incluem. epecialmente os acessórios.

o que se nota é que apenas um bom relógio de pulso e o ultimo celular com todos os gadgets possiveis, bastam. o importante em se trajar smart, é a certeza de que você tem bom gosto e a sua posição na vida lhe permite fazer escolhas inteligentes e de boa qualidade. óculos escuros e carteiras de couro são item muito desejaveis e exibidos.
Bolsas masculinas tambem compõem o visual, a cruzada no peito é muito popular. Na frança os homens ja estão adotando bolsas mais parecidas com as femininas, igualmente na itália, mas em dublin isso é impensável. Vai contra o bom senso saxão.

moda cada vez mais popular entre os europeus latinos
mas os Dubliners ainda não aderiram e preferem bolsas masculinas tradicionais


jaquets e blazers: outra categoria basica no visual smart, popular alternativa para o frio. Combina-se uma peça mais sofisticada de couro ou tweed, um par de jeans e sapatos informais, e temos um look mais dia a dia, perfeito para a primavera/outono.
jaqueta de tweed com cachecol tartan ( xadrez)

jaqueta navy com calça caqui

 
 
 luvas de couro com tweed e jaqueta de tweed, combinação perfeita. detalhe do lenço vermelho e gravata cinza combinando.




linda jaqueta sofisticada de couro com gravata de trico combinando com cardigan cinza

Com a primavera florescendo, estão começando a se deixar os scarfs, cachecois em casa. Os melhores definitivamente são os de pura lã, ou com diz o label, pure wool, durabilidade garantida.

As cores  dos cachecois variam muito, mas em geral é mesmo o preto, o cinza, o azul escuro e o beige que tem preferência no guarda roupa masculino. O vinho e o verde são usados com cuidado, pois o vinho pode parecer cores de uma escola, o tom vinho é muito usado como uniformes escolares, combinação de vinho e azul fica com cara de estudante, o verde por ser a cor nacional tambem é usado com moderação.

herdado diretamente da ocupação inglesa, os uniformes escolares, são aos olhos de um novato em dublin, uma cena de filme. Os meninos desde cedo sabem dar o nó da gravata, esta porta ou o brasão da instituição, ou as cores. Todos os dias usam calçados formais, pretos, e devem manter tudo organizado, sendo obrigado a usar o scarf (cachecol), com os tons da escola ( razão pela qual costuram ou escrevem os nomes próprios na etiqueta do cachecol, pois todos tem o exatamente o mesmo modelo!) tais meninos, sem o saberem, parecem pequenos cavalheiros, uma cena admiravel é o time de criquete, todos usando blusas listradas e carregando mochilas esportivas. Herança da ocupação inglesa.
lindo cachecol vinho com terno cinza
 
 
tartan ( xadrez)
 
tons escuros, quase nunca usam o tartan, ( xadrez) apesar de tradicional

O brogue, tradicional sapato irlandês, que tem a sua versão inglesa ( conhecido por Oxford) nunca saiu de moda, tendo sido reinventado, modernizado, migrou para o guarda roupa feminino e segue ainda como item fashion muito desejado, mais outra prova de que os irlandeses se orgulham desse carater rural não podendo escapar disso, não desprezando sua herança mas sempre trazendo devolta, modernizando, mas nunca o perdendo definitivamente.
um aspecto da moda masculina que mais encanta, os brogues, ( Brog significa sapato em gaelico) são em geral caros, existem versões populares, mas um original não sai barato e item pra quase toda a vida, sendo a durabilidade do couro e da sola inquestionável. as caracteristicas de um brogue são as perfurações decorativas, bodas visiveis, salto baixo e aspecto rudimentar, campestre.
 
Outro exemplo são as boínas, items que podem ter saído diretamente do guarda roupa do vovô, mas que são combinados com peças atuais, muitas vezes propositalmente atuais em demasiado, (jeans coloridos, tênis) mas entende-se que é uma combinação visando o choque de tendências, um certo equilibrio, uma brincadeira, o não-muito moderno, mas tambem não-muito antigo.
 

 
  quando se quer ter estilo;
um mero detalhe pode fazer muita diferença e mostrar muito estilo
menos é mais; par de luvas de couro e bom relogio bastam para se orgulhar do visual
jaqueta e cardigan, um nasceu pro outro
brogues modernos, se você puder
 bons labels; tenha pelo menos uma peça de uma boa marca
 
 
 pra finalizar, me despeço com um exemplo perfeito de visual smart, o ator britanico Benedict Cumberbatch, o novo Sherlock Holmes, serie da BBC, já que o seu personagem é o mestre da dedução, não tinha como ser diferente.