segunda-feira, 29 de abril de 2013

O que acontece na moda masculina por aqui...


Em homenagem a um querido amigo, e seu blog, sobre moda e comportamento masculino

(http://cavalheirismo.blogspot.com.br/2013/04/et-vinum-laetificat-cor-hominis_9.html )


resolvi fazer este post sobre moda masculina que tive contato aqui no velho mundo.

Quem trabalha em loja second hand como eu, acaba adquirindo um enorme conhecimento de moda, os estoques são sempre renovados, o processo de compra e venda é muito rotativo.

numa second hand shop o dinamismo e presteza faz com que nos acostumemos com uma grande variedade de marcas, labels, ( fiquei fissurada neles) e com uma quantidade (absurda) que sempre acaba-se renovando.

Nem sempre quantidade é qualidade, mas é irresisitivel o processo de poder sempre renovar o guarda roupa sem custos estupendos, fora o acesso a marcas tradicionais, vintage que nem sempre cai nas suas mãos mesmo depois de muito garimpar.

Dublin não é Paris, tá certo, mas tambem não se resume, ao mal gosto dos tão famosos tracksuit,

( conjunto de moleton muito do gosto popular) ou das footbal jersey ( camisa de time,) ou mesmo o extremo mal gosto dos dois, o moletom e a camisa de time ao mesmo tempo. Sim, as vezes podemos avistar ao longe um blazer italiano, combinando com sapatos incriveis, desfilando um visual casual e muito elegante.

A moda aqui, tanto masculina e feminina determinou-se por circunstâncias especiais, sendo a primeira delas, a ocupação inglesa, a segunda; o frio e a terceira e ultima; a cultura rural ( não se pode esquecer que não muito tempo atrás o país era praticamente uma fazenda)

da ocupação inglesa; herdaram o bom senso, a tradição, por causa do frio; a nobreza das lãs, dos tecidos, dos tricôs, e da cultura rural; ficou a modéstia, a praticidade, a despretenção. hoje os homens combinam o fisherman sweater e jeans da ultima moda ( casaco de nobre lã, usado por pescadores, não se pode esquecer quão frio é o mar ) criando um mix fashion entre urbano e rural que só existe nas ruas de Dublin.

Luvas, cachecoís, chapéus, boínas, nunca sairão de moda, são simplesmente acessórios de sobrevivência, usado de maneira fashion, se tornaram peças altamente desejadas e tradicionais, mesmo alguns são como obras de arte, coroados por um lindo label, made in Republic of Ireland, tais peças admiráveis estão expostas em vitrines das lojas de knitwear que abundam nas melhores ruas.Carraig Donn. Donegal shop, Aran Crafts, House of Ireland nomes insuspeitos quando o quesito é qualidade e tradição.

Sim, a variedade é grande, chegando mesmo a oferecer modelos de ponchos, ou ainda peças mais atipicas, todavia, as peças principais são; o cardigã, o sweater e o casaco, o coat.
 
nativa das ilhas de Aran, Aran islands, confeccionando o tradicional Aran sweater tambem conhecido por fisherman sweater, imagem da influência rural na moda irlandesa

Aran sweater/ fisherman sweater
 

label
 


Aran sweater nunca saira do guarda roupa masculine
 
 
a industria da moda irlandesa, pelo menos a tradicional é voltada para o Mercado Americano, por isso usa-se a definição sweater, para os Americanos identificarem do que se trata, mas a palavra usada pelos nativos é jumper.
 
 

um dos itens que mais encantam os olhos do amante da moda, são, obviamente os casacos, os sobretudos. Em culturas quentes, é simplesmente um item de luxo, muito formal até em certo sentido e muito caro na maioria das vezes.

Mas em Dublin a tendência é portar o casaco com certa despretenção. item do dia a dia, básico, não tem essa aura do formal, do luxo, os homens em imensa maioria o preferem preto, e uma tendência aqui é usar com o colarinho erguido dando um ar rustico, meio blasé.

O homem nórdico básico, no inverno vai estar portando uma camisa, um sweter de preferência de lã, por cima um blazer, e para coroar um sobretudo no estilo Overcoat, nem tanto no estilo belted coat, ou mais popularmente conhecido como Trench coat de tom escuro, e claro uma boa scarf ( cachecol) da Marks and Spencer e um par de luvas de couro.
 Overcoat básico
detalhe do colarinho erguido, tendência
 
Trench coat ou belted coat
nem tanto o Trench coat, os homens em Dublin em sua maioria preferem o Overcoat
Overcoats com diferentes botões
o estilo  do casacos que sem duvida vieram direto das ruas de Londres.


o Overcoat é muito prático para quem se ocupa e vive na correria, remonta o business centre em londres, a agitação das ruas comerciais em Dublin.
 


 


um jumper e um overcoat e pronto!
 
 
 
 
a tendência no momento são os zipers, assim o casaco ganhou um amigo pra vida.

a elegancia é mais possivel num clima frio, mas não nos esquecemos que o mal gosto tambem é reinante como em qualquer outro país. elegancia é uma questão de bom senso também, não apenas da cultura, creio que o carater individual é mais determinante do que todas as ultimas tendencias. pode-se ser elegante se quiser. independente do clima.
a idéia desse post não é provar que quem vive no clima frio é mais elegante, mas sim informar as ultimas tendências e também a tradição. como a moda é vivida,  como os contrastes são sempre interessantes e informativos.
ainda há muito do que se tratar sobre a moda masculina na Europa,( Irlanda e Reino Unido) por hoje finalizo nos casacos, mas no proximo post falarei sobre calçados e acessórios, tema muito relevante na composição do visual. um acessório certo pode mudar tudo.
 
 
 alguns links onde se pode checar o que acontece na moda masculina por aqui;
 
 
 
 só para checar como a moda aqui é muito desprendida, clique aqui;
 
 
 
 
link das lojas citadas no post, todas com departamento masculino;
 
 
 
 
 
 
 
 

 
 
 
 


 

quarta-feira, 10 de abril de 2013

fui ver o Book of Kells e achei minhas penas!


Agora que já consegui o meu nib set, o que me falta é tempo e organização. Tempo. Faz tempo que queria achar esse conjunto de penas, o nib set que aqui em Dublin, é impossível encontrar. Aproveitei o feriado de páscoa para ir ver o famoso Book of Kells, ou livro de Kells, que é exibido na biblioteca da mais importante universidade da Irlanda, a Trinity College.

Não era um dia particularmente agradadável, em questões de tempo (meteorologicamente falando) mas isso foi um plus pois de outro modo, o lugar estaria ruidoso, e pouco teria sido possivel o veslumbre geral, haveria italianos de casaquinho puff por metro quadrado, tão cheio de turistas estaria lá. traduzindo direto do livrinho que eles fornecem na entrada:

“ A biblioteca tem um estoque de quase três milhoes de volumes, todos localizados num total de oito prédios, a velha biblioteca, foi construida entre 1712 e 1732...” é esta velha parte que mais interessa aos turistas pois é lá que está o manuscrito. O Book of Kells.


“ Três areas da velha biblioteca, estão abertas a visitação pública; o andar térreo era originalmente uma colonnade aberta dividida longitudinalmente por uma parede central com a ensolarda parte sul reservada para os estudantes. Em1892, as arcadas foram preenchidas em forma de prateleiras. Cem anos depois, em 1992 a área era reconstruda internalmente para abrir espaço para uma loja da biblioteca e um espaço para exibições. Ao mesmo tempo, um tesouro a se exibir de manuscritos sagrados irlandeses, especialmente o livro de Kells, o livro de Armagh e o livro de Durrow, foi contruido um pavilhão oriental, essa area era originalmente uma escola de filosofia.”


não vale a pena entrar aqui em toda a questão da estória da universidade que foi fundada por Elizabeth I em 1592 e sempre foi um reduto da intectualidade protestante, ( pois de outro modo o post se extenderia alem da conta) onde notáveis nomes como Oscar Wilde, Samuel Becket, Jonathan Swift, Bram Stoker entre outros. Mas um nome em particular que muito me admirou saber que estudou nesta universidade, é o nome do padre e autor, sim ele mesmo! Padre Malachi Martin S.J ! autor de Windswept House; a vatican novel. autor muito interessa.

O nome da exibição onde o livro de Kells se encontra, se chama, “Turning darkness to light” ( transformando escuridão em luz) tal nome foi inspirado num poema de um monge irlandes do seculo 9.

...practise every day has made, Pangur perfect in his trade; I get wisdom day and night, turning darkness to light....”

o nome do poema é, Pangur Ban, ( antigo nome gaelico) se trata de um gato, isso mesmo, o monge escreve sobre o seu gato, fazendo um paralelo entre como Pangur, se torna mais eficiente na sua caça aos ratos, enquanto ele, o monge no seu trabalho de escrivão, tentando ambos desenvolver-se melhor no que a vida lhes reservou para ser o seu papel. A lenda conta que esse monge um estudante estava trabalhando no livro de Kells, mas tambem estaria copiando as epistolas de São Paulo em irlandes/gaelico, e nao pode resistir escrevendo o poema num canto ou atrás do manuscrito, sobre seu gato Pangur Ban, o Ban aqui significa branco.

O livro de Kells foi escrito no século nove, pelos monges do condado de Iona, trabalhando o manuscrito uma parte em Iona e outra no condado de Meath, em Kells, para onde se mudaram por volta de 806 D.C. Dai vem o seu nome, o livro de Kells. Mudaram-se porque o monastério foi atacado por vikings. o livro foi mandado para Dublin, em 1653, Cronwell subira ao poder, vandalismo era a palavra de ordem. Depois de 1661, o livro foi parar na Trinity College, universidade protestante onde a maior atração turistica é um livro “católico”.

Assim que se entra na exposição, vê-se varios paneis retratado a história e a importancia não apenas do livro de Kells, mas também dos outros que estão expostos, o livro de Armagh e o livro de Durrow. Perambula-se por alguns minutos por essa sala, onde vários visitantes igualmente perambulantes contribuem para a impressão confusa de toda a cena, ( interessante como haviam turistas alemães aos montes e pela primeira vez nada de brasileiros em uma atração turistica!) então se tem um hall onde se sobe uns degraus e entra-se na dark chamber. Uma sala escura, donde os manuscritos estão expostos no centro da sala, num mesa envidraçada e ilumindada por uma luz fraca, provavelmente uma luz especial para não danificar os manuscritos. E lá esta o livro de Kells, o maior entre todos os outros livros, em largura e formato, a principio se tem a impressão de que a tinta das letras capitulares parece tao vivaz, tão brilhante, o angulo das letras tão perfeito, as linhas tão retas, que é dificil acreditar que não foi feito por um computador, mas sim por monges do século nove.

Mas de fato é melhor checar os detalhes online mesmo, só assim se tem a ideia de quão sublime é este manuscrito; que pelo o que consta está inacabado.

Detalhes nada típicos e humor tambem. Eis aqui os quatro detalhes que mais se destacam;

1. Mariposas e Crisálidas: perto do topo da página encontram-se duas mariposas, ao lado de uma crisálida. Esses são considerados símbolos religiosos pouco convencionais e referem-se ao tema do nascimento e da renovação. A palavra generatio no pé da página significa “o nascimento”.
2. Três anjos: ao lado direito do monograma aparecem três anjos. A dupla que se encontra abaixo posa longitudinalmente, enquanto o terceiro deles segura dois instrumentos usados para afastar insetos da Eucaristia e do Sacerdote.
3. Cabeça de homem: cabeças humanas estilizadas eram geralmente usadas por artesãos celtas para decorar objetos preciosos. Algumas teorias sugerem que a cabeça mostrada na obra é uma referência a Cristo.
4. Gatos e camundongos: dois gatos agarram os rabos de dois roedores que roubam a hóstia. Os felinos também têm as orelhas mordiscadas por um par de camundongos. Os desenhos podem ser alguns dos símbolos da eucaristia espalhados pelo mundo ou apenas um exemplo do bom humor pelo qual a arte insular é conhecida.


neste link é possivel conferir os detalhes online;


http://tcld.wordpress.com/2013/03/15/book-of-kells-now-free-to-view-online/
depois de ver o livro, tem-se acesso a biblioteca, ou melhor a velha biblioteca. Logo na entrada a descrição em grego, bibliotheca, e as estantes se elevam a sua frente como construções de um tempo tão enovoado e empoeirado, mas tudo está lá, encadernações do passsado, volumosas, ordenadas, escurecidas pelo tempo. Visão sublime para o amante de livros. A visão das estantes é o auge, lá tambem se encontra a harpa mais antiga do país, para quem sabe a harpa é o simbolo da Irlanda.

harpa mais antiga da irlanda/ simbolo nacional
busto de Shakeaspeare
old library

Depois deste veslumbre, volta-se para o andar térreo, onde para finalizar com chave de ouro, pode-se comprar vários souvenirs na lojinha da biblioteca, a shop library,onde se pode encontrar lembracinhas do book of kells, como chaveiros, agendas, calendários, mas tambem coisas ligadas á Irlanda e Dublin, e naturalmente da universidade, cadernos, tradicionais cachecois de lã, copos, chocolates com ilutrações de artes, tradicionais biscoitos de butter milk, e para a alegria de quem gosta de artes, muitos livros sobre a escrita insular e sim, tintas para manuscrito, e penas! Penas de todos os tipos, essas que comprei, o nib set, é do tipo metálico, mas há tambem penas artificiais que parecem de ganso, ou seja um final feliz para mim que já tinha desistido de procurar por elas.

as penas



ainda nem testei as penas mas estou feliz com elas! espero poder melhorar o meu trabalho já que a minhas penas estão num estado péssimo. enfim agora não tenho mais desculpas para não começar.
 eu! na library!
fiquei imaginando o Bram stoker, ou o Oscar Wilde sentados nesses bancos! mas acho que no tempo deles a disposição da biblioteca devia ser diferente.

 ilustração para conto de Edgar Allan Poe

terça-feira, 2 de abril de 2013

um Blog? Por quê?



Este primeiro update, é sobre livros, motivo real da minha dedicação a este espaço é mostly para falar de livros. Evidentemente outros assuntos irão vir á baila, á começar pelas minhas paixões, Arte, Musica, Film noir, Cult Movie, Dublin ( onde moro), vintage fashion, design e tantas outras coisas que fazem parte da pessoa que me tornei, a citar ainda e mais importante; religião, filosofia e história.

Penso que posso me definir nessas três categorias com; tomista, no primeiro, Karl popperiana (falsificacionismo) no segundo; não-marxista no terceiro. ( rejeito a visão materialista da história) Creio que a formação da personalidade nunca é definitiva, persiste os impetos complexos, os caminhos inexplorados e não, não me desculpo por não ser impecável.

 A foto acima é bem representativa do que está acontecendo sempre em minha mente, tudo ao mesmo tempo. (o que é na verdade uma grande falta de virtude, cada coisa, em seu tempo, não me orgulho disso) mas não posso evitar...

O que não posso evitar mesmo e peço perdão desde já é que sou um produto Post Modernitatem, e isso inclui todas as complexidades da mentalidade atual.

Ok. agora vamos a isso, Um dos primeiros livros que consegui terminar depois dessa struggle pela organização, e também claro, devido ao livro conseguir me prender, me cativar ( dificil atualmente encontrá-los!) foi este livro sobre  um período na história soviética ( ainda falarei muito disso, sempre fui interessada no assunto) mais precisamente do período stalinista, mais precisamente sobre o fim do mesmo; "The Victims Return: Survivors of the Gulag After Stalin" escrito pelo professor de estudos russos e história na universidade de Nova York, Stephen F. Cohen

http://www.goodreads.com/book/show/8328937-the-victims-return

neste link é possivel encontrar uma resenha (inglês) sobre esse livro.Não sendo uma leitura altamente acadêmica, diz muito do seu autor que é jornalista, mas tambem professor de história.

O livro é sobre o retorno, “return” da obscuridade de uma vida de exilio, colônia de trabalho escravo, os chamados “Gulags” criados pelo governo soviético de Stalin para manter prisioneiros politicos. Khrushchov, em 1956, bem verdade expôs os crimes do ex lider no congresso do partido, logo apôs a libertação desses prisioneiros, tal iniciativa ( falar abertamente e pela primeira vez contra Stalin) se deu especialmente com o apoio dos mesmos. Mas quem eram essas vitimas? Interessante pergunta. Pois o livro todo é mais sobre a importância desse return, dessa reabilitação.

Eram as vitimas, figuras proeminentes do próprio partido comunista, artistas e sobretudo intelectuais, a não-libertação de tais figuras podia ter custado ao mundo ocidental informações indispensáveis, depoimentos de peso como os de um Solzhenitsyn e o seu consagrado Arquipelago Gulag. Só para citar um dos mais conhecidos.

A libertação das vitimas foi uma das primeiras medidas, de Khrushchov na tentativa de demolição da figura de Stalin. Logo depois em 1961 ele abertamente apoiou a remoção dos restos mortais de Stalin do mausoleum de Lenin na praça vermelha. Outra medida que chama a atenção foi a autorização que deu para a publicação de biografias, literatura e poemas das vitimas. Retratando os anos de exilio, os sofrimentos, as misérias dos anos de encerramento.

By the 1960s, returnees were contributing to de-stalinization in another important way. Controversy over the past often inflames politics, but rarely so intensely as in the soviet 1950s and 1960s, when the stalin era was still “living history” for most soviet adults. Their understanding of it had been shaped by decades of personal sacrifice and falsified official history maintened by censorship and repression.” pag 94- "The Victims Return: Survivors of the Gulag After Stalin" Stephen F. Cohen.

Sobreviventes, mas ainda assim altamente intelectuais e envolvidos com o partido, essas figuras não excusavam de considerar-se ainda membros do partido comunista. “ in the 1950s and 1960s, most of the returnees who spoke out were still pro-soviet, blaming mainly Stalin for their misfourtunes...” pag 95 "The Victims Return: Survivors of the Gulag After Stalin" Stephen F. Cohen.

Como as vitimas do Holocausto nazista, as vítimas de Stalin manteram diários, escreveram biográfias sobre os anos de opressão, mas diferentemente dos primeiros ainda consideravam-se bolcheviques no final. Fato interessante.

Interessante pois a sociedade de então, embotada de socialismo, impregnada e totalmente descaracterizada, só podia reagir contra o partido, estando dentro do partido. Era o partido que pagava as pensões, autorizava as publicações de livros, mesmo depois de ter sido permitido aos russos o exilio desta vez voluntário, muitos recusaram, os que aceitaram, e foram especialmente para os USA ainda se consideravam comunistas. Como mostra Hitchcock em seu Topaz, filme de 1969, muitos se esquivam em cooperar com o governo americano pois ainda julgavam estar traindo o partido, traindo o povo russo, fazendo uma outra conecção, com o filme Topaz de Hitchcock, as vitimas que Stephen Cohen nos apresenta são em sua maioria judeus.

 Haveria ainda mais uma tentativa de reabilitação a figura do lider soviético com Brejnev. No final de 1960 o termo anti stalin, era equivalente a anti estado, anti partido, inimigo do povo.

In 1970, the Brejnev leadreship placed a falttering marble bust of Stalin on his gravesite immediately behind the Lenin Mausoleum, where his body had once been on view. Readily accessible, it was regularly adorned with flowers...” pag. 129 The Victims Return: Survivors of the Gulag After Stalin" Stephen F. Cohen.

Continua Cohen no mesmo capitulo “ Governments do not erect monuments, even small ones, to people they consider to be a criminal.”

Nota-se que mesmo com toda a exposição das vitimas, em 60, pro-stalinistas aguardaram ainda a tentativa de reabilitação do nome de seu lider, um bom tempo, uma década, o mundo atual, (era da internet) figuras públicas envolvidos em escândalos e corrupção conseguem se reinventar em menos tempo e já se encontram restabelecidas em poder e influência.
Todavia Gorbachov teria o trabalho de novamente reprimir toda a tentativa de trazer o culto de Stalin de volta. Foi com seus anos de governo que todas as tentativas seriam enterradas, novas publicações vieram ao publico e “ ... In 1987 was Gorbachov able to publicly embrace and radicalize Khruschev´s long banned anti stalinist and stalin personally responsable for real crimes. He did so unconditionally. “ we cannot and should not ever forgive or justify what happened” In november , in a television speech to the nation, Gorbachov personally rehabilitated the names os both, Bukharin and Khruschev.” pag.143 The Victims Return: Survivors of the Gulag After Stalin" Stephen F. Cohen.
Enfim, trata-se de um livro excelente pra quem aprecia as mudanças, as contrôversias, as contrariedades dos caminhos que percorre a história, ( coisa de estudante de história) como o jogo politico está sempre se repetindo e se reeinventando. A complexidade da história da Russia, vale sempre uma leitura mais aprofundada, mais especifica, essas leituras gerais recomendadas pelas universidades sempre me deixaram uma Gap intranspônivel entre “porquês” persitentes.

Um dos melhores livros escritos por um autor russo, que julgo talvez o mais complexo e completo sobre o socialismo russo, e seu carater é o romance de Dostoíevsky “ Os Demônios”. Logo no começo, na introdução, ele faz uma comparação intrigante entre o episódio do possesso no evangelho, cujos demônios, a legião que o atormentava é expulsa por Cristo que os ordena possuir um porco. Dostoievsky compara a Russia com o possesso. É arrepiante e profético a leitura do evangelho citado nesse sentido;

"Naquele tempo, Jesus e os seus discípulos chegaram à outra margem do mar, à região dos gerasenos.
Logo que Jesus desceu do barco, veio ao seu encontro, saído dos túmulos, um homem possesso de um espírito maligno.
Tinha nos túmulos a sua morada, e ninguém conseguia prendê-lo, nem mesmo com uma corrente,
pois já fora preso muitas vezes com grilhões e correntes, e despedaçara os grilhões e quebrara as correntes; ninguém era capaz de o dominar.
Andava sempre, dia e noite, entre os túmulos e pelos montes, a gritar e a ferir-se com pedras.
Avistando Jesus ao longe, correu, prostrou-se diante dele
e disse em alta voz: «Que tens a ver comigo, ó Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Conjuro-te, por Deus, que não me atormentes!»
Efectivamente, Jesus dizia: «Sai desse homem, espírito maligno.»
Em seguida, perguntou-lhe: «Qual é o teu nome?» Respondeu: «O meu nome é Legião, porque somos muitos.»
E suplicava-lhe insistentemente que não o expulsasse daquela região.
Ora, ali próximo do monte, andava a pastar uma grande vara de porcos.
E os espíritos malignos suplicaram a Jesus: «Manda-nos para os porcos, para entrarmos neles.»
Jesus consentiu. Então, os espíritos malignos saíram do homem e entraram nos porcos, e a vara, cerca de uns dois mil, precipitou-se do alto no mar e ali se afogou.
Os guardas dos porcos fugiram e levaram a notícia à cidade e aos campos. As pessoas foram ver o que se passara.
Ao chegarem junto de Jesus, viram o possesso sentado, vestido e em perfeito juízo, ele que estivera possuído de uma legião; e ficaram cheias de temor.
As testemunhas do acontecimento narraram-lhes o que tinha sucedido ao possesso e o que se passara com os porcos.
Então, pediram a Jesus que se retirasse do seu território.
Jesus voltou para o barco e o homem que fora possesso suplicou-lhe que o deixasse andar com Ele.
Não lho permitiu. Disse-lhe antes: «Vai para tua casa, para junto dos teus, e conta-lhes tudo o que o Senhor fez por ti e como teve misericórdia de ti.»
Ele retirou-se, começou a apregoar na Decápole o que Jesus fizera por ele, e todos se maravilhavam.
(Evangelho segundo S. Marcos 5,1-20.)
Intrigante essa comparação de Dostoievsky, no final, o autor russo se perguntava, quem haveria de expulsar os demonios que afligem a Russia?

http://www.digestivocultural.com/colunistas/coluna.asp?codigo=1525&titulo=A_profecia_de_Os_Demonios

eis aqui uma acurada critica deste romance no Digestivo Cultural para quem não conhece.

Me despeço por enquanto, esperando ter contribuído com esta humilde review. Essa critica.

O que estarei fazendo num futuro bem próximo, critica de livros maioria em inglês que me caem as mãos. Por que amo ler, e dedici fazer este exercício para melhor estudar e também me distrair.

Ps: como já estou longe do Brazil por dois anos, vale lembrar que não conheço as novas regras gramáticais da reforma ortografica da lingua portuguesa. Desculpem qualquer erro nesse sentido. E claro nos outros sentidos também!